Sem uma escola oficial de circo, artistas do DF aprendem técnicas e tradição em oficinas e cursos livres
Yale Gontijo
Publicação: 21/03/2010 07:00 Atualização:
Quando iniciaram a carreira em 1982, os artistas da companhia brasiliense Circo Teatro Udigrudi não tiveram outra opção a não ser aprender todas as técnicas circenses de maneira autodidata. “Antes, o conhecimento era transmitido de pai para filho. Se você não nascesse numa família circense, dificilmente aprenderia essa arte. O método era pouco didático, na base do chinelo mesmo. No exterior, o processo de formalização do treinamento do ensino do circo é mais antigo do que aqui”, analisa Luciano Porto, um dos integrantes da trupe . “Se nós tivéssemos cursado uma escola de circo, quando a gente começou e a capacidade física para fazer acrobacias era maior, teríamos ido muito mais além do que a gente foi. Falo como virtuoses”, avalia Porto.
Transcorridos 28 anos desde a criação do Circo Teatro Udigrudi, Brasília ainda não tem uma escola de circo. Cursos livres, oficinas e aulas ministradas por profissionais da área indicam os caminhos do aprendizado das técnicas do picadeiro no DF. Mais conhecida como a palhaça Fronha, Antônia Vilarinho é coordenadora do projeto Doutoras, Música e Riso. Patrocinado pela Petrobras e pelo Fundo de Apoio a Cultura (FAC), o trabalho é desenvolvido com pacientes do Hospital Regional da Asa Norte. Há pouco tempo, porém, Antônia e o grupo de oito integrantes pensam em montar um banco de dados de palhaças. Para tanto, ela ministra oficinas. “Nós preparamos as pessoas para usar essa máscara do palhaço. É colocar a pessoa num estado de constrangimento, no qual se revelam fragilidades, o que há de mais engraçado, espontâneo sem entrar no racional. Aí a pessoa despe, se expõe, se coloca no centro e dá a cara para bater.”
Foram graça a aulas de circo, na Escola de Meninos e Meninas do Parque, que os irmãos Ruiberdan e Ankomárcio Saúde, do Circo Teatro Artetude, entraram na profissão. Na época, eles tiveram a chance de receber treinamento de grandes palhaços da cidade, como Serenata, Mestre Zezito e Mandioca Frita. “Eles compuseram nossa arte de circo de rua”, admite Ankomárcio. Agora, os irmãos repetem o que aprenderam, fazendo oficinas que incluem técnicas de malabarismos, acrobacias e perna de pau para jovens entre 12 e 17 anos. Ao longo do ano, as oficinas serão ministradas no Núcleo Bandeirante, Recanto das Emas, Samambaia, Gama, Varjão, Santa Maria e Candangolândia. “Faremos uma varredura nas cidades para descobrir jovens interessados em aprender a se organizar como artista circense. Selecionaremos os que mais se destacarem profissionalmente para incentivá-los”, avisa Ankomárcio.
Nas alturas
Para quem deseja arriscar um pouco mais e passar algum tempo nas alturas. Vários cursos de acrobacias aéreas são oferecidos em diferentes pontos da cidade. O casal de acrobatas do Circo Teatro Rebote, Erika Mesquita e Atawalpa Coelo, coordena cursos ministrados dentro da Academia Scala (localizada na Casa do Ceará). Nas aulas, os alunos utilizam aparelhos como tecido, lira e corda. Porém, as lições podem ser modificadas dependendo do entusiasmo dos participantes. “O curso funciona seguindo as expectativas dos alunos. Se eles requerem técnicas de malabarismos, por exemplo, nos os ajudaremos”, explica Erika.
No Centro Olímpico do Setor Leste, são oferecidas aulas das técnicas circenses, como a ministrada pelos acrobatas Dani Oliveira e Daniel Lacourt. Com passagens pela Escola Nacional do Circo, no Rio de Janeiro, e pelas escolas Arc-En-Cirque, em Chambéry (França), e École Superieure des Arts du Cirque, em Bruxelas (Bélgica), Lacourt acredita que a principal diferença pedagógica entre os métodos ensinados aqui e no exterior reside no fato de que as escolas do Brasil incentivam o ensino do circo como espetáculo de variedades, dividido em números.
Nos cursos livres em que leciona, o acrobata tenta desenvolver técnica parecida com as das escolas europeias. “Na ginástica olímpica, por exemplo, existe uma exigência para que sejam desempenhados os movimentos padronizados. No circo, também existem padrões de movimentos comumente seguidos. Aqui, nós não ficarmos presos ao padrão e incentivarmos o aluno a encontrar sua individualidade”, explica o professor
![]() | |
As cômicas Savana, Fronha e Berruga multiplicam o aprendizado e pensam em criar um banco de palhaças |
Foram graça a aulas de circo, na Escola de Meninos e Meninas do Parque, que os irmãos Ruiberdan e Ankomárcio Saúde, do Circo Teatro Artetude, entraram na profissão. Na época, eles tiveram a chance de receber treinamento de grandes palhaços da cidade, como Serenata, Mestre Zezito e Mandioca Frita. “Eles compuseram nossa arte de circo de rua”, admite Ankomárcio. Agora, os irmãos repetem o que aprenderam, fazendo oficinas que incluem técnicas de malabarismos, acrobacias e perna de pau para jovens entre 12 e 17 anos. Ao longo do ano, as oficinas serão ministradas no Núcleo Bandeirante, Recanto das Emas, Samambaia, Gama, Varjão, Santa Maria e Candangolândia. “Faremos uma varredura nas cidades para descobrir jovens interessados em aprender a se organizar como artista circense. Selecionaremos os que mais se destacarem profissionalmente para incentivá-los”, avisa Ankomárcio.
Nas alturas
Para quem deseja arriscar um pouco mais e passar algum tempo nas alturas. Vários cursos de acrobacias aéreas são oferecidos em diferentes pontos da cidade. O casal de acrobatas do Circo Teatro Rebote, Erika Mesquita e Atawalpa Coelo, coordena cursos ministrados dentro da Academia Scala (localizada na Casa do Ceará). Nas aulas, os alunos utilizam aparelhos como tecido, lira e corda. Porém, as lições podem ser modificadas dependendo do entusiasmo dos participantes. “O curso funciona seguindo as expectativas dos alunos. Se eles requerem técnicas de malabarismos, por exemplo, nos os ajudaremos”, explica Erika.
No Centro Olímpico do Setor Leste, são oferecidas aulas das técnicas circenses, como a ministrada pelos acrobatas Dani Oliveira e Daniel Lacourt. Com passagens pela Escola Nacional do Circo, no Rio de Janeiro, e pelas escolas Arc-En-Cirque, em Chambéry (França), e École Superieure des Arts du Cirque, em Bruxelas (Bélgica), Lacourt acredita que a principal diferença pedagógica entre os métodos ensinados aqui e no exterior reside no fato de que as escolas do Brasil incentivam o ensino do circo como espetáculo de variedades, dividido em números.
Nos cursos livres em que leciona, o acrobata tenta desenvolver técnica parecida com as das escolas europeias. “Na ginástica olímpica, por exemplo, existe uma exigência para que sejam desempenhados os movimentos padronizados. No circo, também existem padrões de movimentos comumente seguidos. Aqui, nós não ficarmos presos ao padrão e incentivarmos o aluno a encontrar sua individualidade”, explica o professor
Nenhum comentário:
Postar um comentário